"[...] Considere-se, nesse sentido, a psicologia da criança nos primeiros cinco anos de vida. Trata-se, de um lado, de um período de grande novidade em termos de percepção e de resposta; a criança se encontra em contato imediato com as realidades arquetípicas da vida. Ela está no estágio poético original; há magníficos e terrificantes poderes transpessoais fervilhando em torno de todo e qualquer evento comum. Mas, por outro lado, a criança pode ser uma pequena fera egoísta, cheia de crueldade e dotada de insaciável voracidade. Freud descreveu o estágio da infância como um quadro de perversão polimorfa. Apesar de ser uma descrição brutal, nem por isso deixa de ser parcialmente verdadeira. A infância é inocente; mas também irresponsável. Portanto, traz em si todas as ambiguidades do fato de encontrar-se, ao mesmo tempo, firmemente ligada à psique arquetípica e às suas energias extrapessoais, e inconscientemente identificada, assim como irrealisticamente relacionada, a esta mesma psique arquetípica" (Edward F. Edinger, Ego e Arquétipo, 2012).
Os primeiros anos de vida de uma criança, são cheios de descobertas, e aventuras, é um período de intensa troca, consciente e inconsciente, de afetos, conceitos, aprendizagens e exemplos. É uma excelente oportunidade de desenvolvimento em todas as áreas, não somente para a criança, mas para todos que a cercam. Se pudermos nos permitir aprender, deixando nossa percepção e intuição ter mais espaço, certamente entenderemos mais sobre nós mesmos, e sobre as relações que compõem nosso universo.
Nesse sentido, vale a pena refletir, se a demanda e o desejo partem da criança, da mãe, do cuidador, ou de ambos. Igualmente, sobre o limite e a instrução diária. É interessante questionar, o quanto a criança se adapta ao meio familiar e social, e quanto tais pessoas se adaptam ao novo ser que chega.
E em meio à tantas descobertas e incertezas, nosso desafio continua o mesmo: EQUILÍBRIO.
Andressa Pires Martins Santana - Psicóloga Associada ao LÓTUS - Consultório de Psicologia